quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quanto mais velho, mais sábio, ou, quanto mais sábio, mais velho?

A sabedoria é construída ao longo do tempo, alguns alcançam logo, outros no fim da vida e outros nem sabem o que é isso, muito menos desfrutam disso.

Eu diria que alguns espíritos nasceram desafortunados, outros foram feitos e outros se fizeram desafortunados.

Algumas pessoas nasceram num meio que não estimula a percepção do sentido da vida através da experiência cotidiana analisada introspectivamente. Vivem tão atarefados que, quando há tempo para o ócio, buscam preenchê-lo com alguma futilidade e logo aparece o vazio existencial que chega arrombando a razão e emerge o sentimento de inquietude, de insatisfação.

Buscam-se respostas em frases de livro de auto-ajuda, mas o conforto é momentâneo. Ainda há uma solução, a religião. A religião proporciona paz interior, desde que a pessoa exerça sua autonomia iluminada pela divindade, porém as pessoas alienam-se na religião e passam a fazer tudo o que a autoridade religiosa recomenda, e o exercício da autonomia esfumaça-se ao vento da bandeira de Deus.

Por que tanto sofrimento se a vida é tão simples?

Simples? Nada disso. Como posso deixar um segundo sequer vago do meu tempo ao ócio? O silencio é sufocante.

Por que introspecção se eu posso usar meu MP... para estar em harmonia? Pena que a música nem sempre é instrutiva!

Algumas pessoas nunca exerceram sua autonomia, pois parece cômodo obedecer às ordens e regras impostas, seja por um superior, seja pela sociedade.

Não é necessário romper regras, nem conformar-se a todas elas. Devo ser autônomo ao deliberar. Deliberação indica o que devo e o que não devo seguir, bem como agir na hora certa.

Algumas pessoas vivem num meio tão inóspito para deliberar que nem se ousa questionar os valores e conhecimentos transmitidos, muito menos questionar-se. A confiança numa determinada pessoa ou instituição pode ser tão forte que a proximidade ao fanatismo é sensível a outros olhares.

O assunto é tão vasto e a reflexão profunda. Concluo com um aforismo de Baltasar Gracián, de sua obra “A Arte da Prudência”:

A arte de viver muito.

Viver bem. Duas coisas antecipam o fim da vida: ignorância e maldade. Alguns perdem a vida por não saber como salvá-la; outros, por não querer saber. Assim como a virtude é sua própria recompensa, o vício é seu próprio castigo. Aquele que vive uma vida de vícios encontra um fim duas vezes mais rápido. O que vive na virtude nunca morre. A integridade da mente se comunica com o corpo. Uma boa vida é plena tanto em intensidade quanto na extensão1.”

Não esqueça que a sabedoria não ocupa espaço, mas é construída ao longo do tempo e vivida por quem encontrou a paz interior na luz do Ser Essencial.


Professor Eliseu Santos Lima



1 Grifo nosso