terça-feira, 29 de setembro de 2009

El sabio debe de ser Autosuficiente

Aquel que lo es todo para el mismo lleva todo lo que
necesita dentro de si. Si tú eres tu propio amigo estas en la posición de vivir solo.
¿A quien más podría un hombre así querer si no hay un intelecto más claro ni un
gusto mas refinado que el suyo? De esta manera dependerías únicamente de ti
mismo lo cual es una de las felicidades mas sublimes. Aquel que puede vivir solo
no se parece en nada a la bestia bruta, se parece mucho al sabio y se parece en
todo a un dios.

Baltazar Gracian

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Os valores que construímos e os valores construídos.

Durante nossa existência vamos construindo valores que compõem a nossa visão ética e moral dos fatos, a qual nos oferece acesso à análise e transformação da realidade. Somos tomados pelo senso de justiça que parte de nossa racionalidade e percebemos que a realidade apresenta diversas situações de que podemos intervir. A pergunta que se faz é sobre como agir, pois não basta querer fazer o bem, mas saber fazer o bem.
Visão reducionista dos fatos e fundamentalismos são precursores de desavenças e perturbações nos diversos meios sociais de que temos contato e que cada vez mais estão contribuindo para o individualismo e misantropia, pois as pessoas não sabem dialogar e parecem não querer apresentar suas idéias para não serem questionadas.
A escola é o ambiente ideal para se construir valores, mas não é o único. A família inculca na cabeça da criança os primeiros valores de que ela precisa para sua existência, por segundo a religião e terceiro é a escola. Valores como respeito e amor ao próximo é compromisso da família promover sua práxis e ambiente propício para isso. Ora, isso realmente acontece?! Não. Porque as famílias estão desestruturadas e formam diversas composições, as mais variadas possíveis de que podemos perceber em nossa sociedade.
Cada vez mais observamos que o ambiente familiar não propicia a dinâmica para se aprender valores, pois o contato entre os membros acontece num espaço curto de tempo, os pais trabalham para o sustento da família, quando estão em casa querem sossego, há muitas preocupações e os filhos não são vistos como parte deste processo de participação que visa a unidade familiar aonde ocorre participação falha de todos os membros em se preocupar um com o outro e obter o bem estar de todos.
Se a família apresenta-se falha, a escola é um reflexo e muitos são os conflitos para se entender que a escola tem um papel a desempenhar e a família outro. O professor não é pai e não adianta mães reclamarem que não sabem mais o que fazer com o filho e deixar esta “batata quente” para a escola. Preocupa-se muito em resolver casos de indisciplina e se esquece do processo ensino aprendizagem e da responsabilidade em formarmos alunos críticos e atuantes diante dos problemas sociais.
Quando escola e família desenvolverem seus papéis de forma adequada estaremos aptos a desenvolver potencialidades e superar obstáculos para crescer, mesmo diante das várias questões existenciais que observamos na nossa realidade.

Filosofando com o ensino médio

Eis alguns textos selecionados pelo professor Eliseu Santos Lima com a intenção de divulgar a capacidade reflexiva dos jovens que merecem o reconhecimento e o mérito por pensarem com qualidade e com intensidade na busca de transformação deste mundo tão desumano e de pouca reflexão.
O professor Eliseu parabeniza seus alunos e espera confiante no progresso intelectual dos jovens barravelhenses.

Razão

Todo ser humano busca adentrar a racionalidade, pois é o que nos diferencia dos outros animais. para isso temos o exercício do livre-arbítrio, aonde podemos escolher vários caminhos. A nossa liberdade é bem administrada quando temos autonomia, pois assim não prejudicamos a nós e nem ao outro. Para capacitarmos melhor a razão temos que usar nosso intelecto para ter uma visão mais ampla das situações do cotidiano. Perdemos a razão quando agimos por instinto, quando não analisamos a situação em nossas ações, como quando agredimos uma pessoa pelos nossos atos irresponsáveis.

Luana Sens. Aluna do 1º1 do ensino médio da Escola de Educação Básica Astrogildo Odon Aguiar.

Se você preservar sua razão, ela preservará você

Para começarmos, vamos entender o que é razão.
Razão é a faculdade própria do homem: de conhecer a realidade e argumentar sobre ela.
A palavra razão está ligada coa a atividade prática aonde o caminho é seguido se for livre e seguro. É como se no meio do caminho houvesse uma pedra e você tomasse cuidado para não pisar nela.
Razão é ainda pensar de forma clara, correta e objetiva. Uma das maneiras de preservar a razão é a atividade intelectual, não devemos nos deixar influenciar por ideologias, como o consumismo.
Mas como a razão estará nos preservando?
Ela estará nos preservando se obtermos conhecimento e sermos críticos da realidade aonde vivemos.
Ter razão é sinal de consciência em suas próprias decisões, é saber escolher as coisas boass da vida. A razão é o espelho da alma, para quem sabe preserva-la é saber falar coisas com coerência.
Ter liberdade ao ponto de ter limite, guiar-se pela consciência e não ir pela opinião dos outros.

Franciele Roberta Pelozatto e Angelita Gonçalves da Silva: Alunas do 1º1 do ensino médio da Escola de Educação Básica Astrogildo Odon Aguiar.

Zelando pela minha existência

A maioria das pessoas buscam cuidar de si mesmas. Pode-se observar isso ao lermos determinadas revistas onde se encontra com abundância dietas alimentares, programas de exercícios e até remédios para entrar em forma. Mas as pessoas exageram na busca pela boa forma. E acabam por violar seus corpos. Surgem as psicoses, como anorexia e bulimia, que são distúrbios alimentares que levam à morte, caso não tratadas.
Então ao invés de se cuidarem, estão se destruindo.
Mas, mudando de foco, as pessoas deveriam cuidar-se intelectualmente. em vez de assistir programas de tv que não possuem cultura e ler revistas de fofoca sobre a vida de pessoas fúteis e vazias, poderiam ler bons livros, assistir a documentários, acrescendo conhecimento ao já acumulado. Mas cada um cuida de si, ou se destrói da maneira que quiser.
Além de boa alimentação e cultura e conhecimento, devemos falar das boas atitudes. A responsável por não fazermos coisas prejudiciais ao nosso corpo e mente, é a razão.
A razão é o bom senso. É a capacidade que o ser humano tem de distinguir entre o certo e o errado. É a faculdade que permite fazer distinção das idéias e das coisas.
Desse modo, qualquer pessoa pode evitar cometer desatinos, ou fazer o que é certo apenas utilizando de sua racionalidade, observando as consequências de seus atos.
Bem, assim, se sabe então o que é necessário fazer para cuidar de si mesmo.
Através da música por uma forma física, com exercícios que aperfeiçoem o funcionamento de seu organismo e através do aperfeiçoamento do intelecto.
Os estudos são imprescindíveis para que se alcance um futuro melhor. Para a realização material é preciso ter dinheiro, o qual se obtém trabalhando. E, claro, quanto mais estudo, melhor a capacidade de raciocínio, e melhor emprego. Quanto melhor emprego, mais dinheiro se ganha.
Entretanto, a busca pelo equilíbrio mental é igualmente importante. Pode-se alcançá-lo, ouvindo músicas anti-stress, se afastando esporadicamente de ambientes urbanos e se dirigindo à paisagens tranqüilas e naturais, que proporcionem momentos de reflexão acerca de sua própria existência.

Letícia Veríssimo Vasconcelos Almeida. Aluna do 1º1 do ensino médio da Escola de Educação Básica Astrogildo Odon Aguiar.

Da necessidade do filosofar

A vida se apresenta cada vez mais confusa, misteriosa e complexa. Somos convidados a refletir sobre a realidade, pois somos seres que intervimos na Natureza material e racional, queremos saber o que acontece ao nosso redor, ajudado pelo conhecimento adquirido na nossa própria história e da história evolutiva da humanidade.
Foi assim que chegamos hoje a tanta tecnologia e capacidade intelectiva, poderíamos dizer sobre o homem o homo sapiens sapiens, aquele que alcançou a capacidade racional, crítica e abstrata.
Mas será o homem um ser pensante e com tanta capacidade? Na verdade não. Tudo dependerá no meio no qual vive, da sua forma de expressão do espírito, do acesso às informações, da sua cultura, mas a capacidade reflexiva não será alcançada se não houver interesse em saber mais e ser-mais, o ir além, superar-se.
Ora, entendemos a realidade que nos cerca pela atividade do espírito (o pensamento). Pensamos sobre o mundo, política, meio ambiente, ciência, o ato de conhecer e outros temas do nosso contexto, distanciando-nos da realidade pela via da abstração e da crítica.
Queremos descobrir a causa de determinados fenômenos, os fundamentos das coisas, como se organiza a sociedade, a ética, a cultura, a política etc.
A filosofia possui sua irreverência porque parte do que existe. Critica, interroga, duvida, faz perguntas inoportunas e procura compreender as diversas realidades.
A filosofia coloca em xeque o senso comum, os preconceitos, o estabelecido pela sociedade, pelas instituições e os diversos grupos sociais. A filosofia duvida para construir e não para destruir.

Filosofia e reflexão

Filosofar não é, necessariamente, difícil. Basta termos alguns questionamentos a fazer e algumas idéias para começar a refletir. Comparar idéias, investigar os problemas que trazem essas novas idéias em relação às antigas e que problemas podem ser evitados com o novo pensamento são atividades possíveis para começarmos a desenvolver nossa capacidade filosófica.

Os filósofos trabalham com conceitos e idéias que, muitas vezes, não são traduzíveis em coisas concretas, por isso dizem que é uma prática teórica, mas não se pode dizer que seja apenas um “bolo de idéias”, são conclusões sobre a realidade, oferecidas por quem gosta de pensar e debater idéias.

Para alguns, a filosofia pode parecer perda de tempo, um desvio das coisas óbvias e importantes. Mas manter a dúvida sobre o evidente, questionar sobre o que está próximo, refletir sobre a simplicidade do cotidiano, buscando na história da filosofia tudo o que já se pensou e como foi pensado é, enfim, o que irá facilitar a compreensão da atividade filosófica e o que poderá nos ajudar a compreender melhor o mundo. Pois quando pesquisamos sobre, um assunto como ética devemos recorrer aos filósofos que já pensaram sobre o assunto para, depois, propormos um novo modo de observar e agir sobre a realidade e que atenda às necessidades do contexto para que possamos viver de forma livre e consciente.

Filosofia: significado e fundamentos

A vida tem se tornado cada vez mais complexa e confusa. Todo dia surge um novo problema, seja oriundo da televisão, da vida social ou um questionamento da própria existência, e estes problemas chamam nossa atenção. Pensar sobre o mundo (política, meio ambiente, religião, educação, família, tecnologia e tantos outros problemas) de forma reflexiva1 e poder aprofundar cada vez mais o conhecimento é a possibilidade que a filosofia pode nos proporciona.

Você já se perguntou por que as coisas são desse modo e não de outro? Por que os pássaros voam, os homens andam, as cobras rastejam e os cangurus pulam? Ora, podemos classificar todos como seres vivos, entretanto há particularidades que diferenciam um do outro, essas particularidades são determinantes para a distinção das espécies. Podemos estudar o todo (seres vivos) ou a parte (as espécies), isso é tarefa da filosofia. Algumas questões que outrora foram objeto de muito estudo, hoje parecem óbvias; como o sol é maior que a Terra e é a Terra que gira em torno do sol.
Desde tempos imemoriais, o homem pergunta-se sobre sua existência. Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Essas perguntas relatam a necessidade de se orientar na vida, fundamental para o ser humano. Não se trata apenas de questões suscitadas meramente por acaso. Precisamos descobrir por que estamos vivos, o que estamos fazendo neste mundo.

“Nós perguntamos:
* Quem sou eu?
* Como foi que o mundo passou a existir?
* Que forças governam a história?
* Deus existe?
* O que acontece quando morremos?”
A filosofia é um intenso questionar-se até chegar às últimas consequências pela via do pensamento racional. É chegar até a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.

Observamos o mundo e queremos entendê-lo, somos tomados de espanto e admiração, assim como aconteceu com os primeiros filósofos, e nos indagamos: Como é possível a existência? De onde venho? Para onde vou? Por que o sol aparece, aquece e desaparece? Deste modo muitos questionamentos levaram-nos a formular teorias e essas teorias seguem uma metodologia e um modo de conhecer uma determinada coisa, fato, idéia, valor, etc.

Antes todo o saber era filosofia, por conseguinte, a matemática, a física, a retórica, a cosmologia eram saberes da filosofia, não é a toa que muitos matemáticos eram filósofos! Com o passar do tempo, muitos saberes foram se especializando e surgiram as ciências: a matemática, a física, a medicina, a arqueologia, etc. Mesmo assim a filosofia não desapareceu, pois ela procura resposta às questões que não preocupam as ciências, mas são necessários para que o conhecimento científico seja ratificado ou questionado, para se chegar à verdade ou uma resposta satisfatória.

A palavra filosofia

“A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos” (CHAUÍ; 2003, p. 17).

Pitágoras dizia que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais importante da Grécia). Aqueles que iam para comerciar seus produtos, os que iam para competir e os que iam para contemplar, avaliar e julgar o valor daqueles que ali se apresentavam.
Ora, Pitágoras queria dizer que aqueles que iam apenas por interesses comerciais, os segundos iam pelo desejo de competir e os últimos eram movidos pelo desejo de contemplar, julgar e avaliar; em resumo, pelo desejo de saber, estes seriam como filósofos. Pitágoras também queria dizer que o filósofo não é movido por uma atividade interesseira como o comércio, nem pelo desejo de competir.

Pitágoras, numa aula de geometria, em que fazia a demonstração de um teorema, indicou um caminho (método). Ele disse que se devia fazer filosofia do mesmo modo que se fazia geometria, com demonstrações rigorosas e que apresentasse lógica e coerência na argumentação.

Uma possível definição de religião

Quando o ser humano cultiva a dimensão interior e percebe a realidade transcendente, na alma, ele quer ser-mais, quer adentrar o mistério do universo suscitado por perguntas sobre a existência. Admite a realidade transcendente de uma instância superior.
A religião está assentada na autotranscendência, que é o movimento que o homem ultrapassa sistematicamente a si mesmo, tudo o que é, tudo o que adquiriu, tudo o que pensa, quer e realiza. Tem consciência do infinito, do cosmos e de sua finitude, por isso quer re-ligar ou re-ler esta realidade, partindo de uma Realidade Primeira, a qual chamamos Deus ou deuses (monoteísta, politeísta ou panteísta ou mais de um), sejam eles quem for: Brahman, Alá, o Deus trino cristão, Zeus, Adonai – IWHW, Tupã (Guarani), Tao (Taoísmo), Amaterasu (a mais importante deusa japonesa), Orixás (Candomblé).
Uma das funções da religião é re-ligare, estabelecer ou exprimir nossa relação com Deus. Outra é re-legere, para essa segunda acepção temos que saber que religião é um ato de fé e conseqüentemente um ato da inteligência que desdobramos em: intus-legere (ler por dentro) e inte-legere (ler dentro). Intus-legere exprime a necessidade de compreender o fato religioso nas suas nuances mais profundas; o comportamento e sentimento religiosos, as formas de expressão do ser religioso. Dá-se um crédito para avaliar o conteúdo de determinada religião para averiguar se pode fazer parte dessa realidade. E inte-legere que é a vivência da fé dentro da religião na busca da realização pessoal, e uma confissão de fé que responde às suas questões existenciais mais profundas, satisfatoriamente. Ao crer ou dar um crédito à determinada religião, a pessoa não está isenta de dúvida, pois tudo na vida não é uma certeza. O inte-legere e intus-legere traduzem a sistemática da religião. Primeiramente, a pessoa dá um crédito de confiança; depois; experimenta e reconhece, ou não, que há sentido esta religião para sua vida. Ao experimentar, compreende-se, ao compreender professa-se essa fé na religião escolhida. Por esse caminho, chega-se à realização pessoal, pois toda religião busca esta realização na Realidade Primeira.
Vem a baila o questionamento sobre a existência de Deus e a liberdade humana. Se a religião não promove a realização pessoal é porque a liberdade está comprometida. Partindo do estado de consciência (consciência de si num determinado tempo e espaço) num nível elevado, a pessoa adere somente àquilo que lhe faz sentido e traz benefícios para o crescimento pessoal, reelabora o conteúdo religioso (subjetividade) para não ser dominada por fundamentalismos. A religião em si é boa, mas nem sempre promove o ser-mais; ser-para-si, ser-para-o-outro, ser-para-Deus e ser-para-o-mundo.

Demócrito de Abdera – Escola atomista (460-370)

Demócrito nasceu provavelmente em 460 a.C. e morreu em 370 a.C., mas há muita incerteza com relação a estas datas. Foi o mais viajado dos filósofos pré-socráticos, tendo visitado a Babilônia, o Egito e, segundo alguns autores, a Índia e a Etiópia. Depois, esteve também em Atenas. Discípulo de Leucipo e chefe da escola, escreveu numerosas obras, embora não haja certeza de serem todas de sua autoria, mas todas se perderam.
Os atomistas são os últimos pré-socráticos. Chegam a ser contemporâneos de Sócrates, mas continuam na tradição que se preocupa com a physis (natureza) e, sobretudo, na linha da filosofia eleática. Os dois principais atomistas foram Leucipo e Demócrito, sendo que nada se sabe de especial com relação à Leucipo, apenas que foi o precursor da teoria atomista.
Tudo o que existe é constituído de átomos que são partículas indivisíveis e invisíveis, eternas e imutáveis; não têm qualidades, exceto a impenetrabilidade; diferem entre si apenas pela figura e pela dimensão.
Existe apenas o átomo e o vazio. Todos os átomos, sendo corpos minúsculos, não possuem qualidades sensíveis, e o vazio é o espaço que tais corpúsculos se movimentam para cima e para baixo eternamente ou se entrelaçando de diversas maneiras, ou se chocando e ricocheteando, de modo a irem se desagregando e agregando em tais compostos; e, desta forma, produzem todas as maiores agregações e os nossos corpos e as maiores afeições.
Nenhum átomo pode aquecer-se ou resfriar-se, ressecar-se ou umedecer-se, tornar-se branco ou preto ou receber outras qualidades por qualquer modificação que se queira.
A terra é constituída por átomos mais volumosos, os quais, no turbilhão do movimento, se reuniram no centro do universo, constituindo a massa homogênea que chamamos Terra.
A alma humana é formada por átomos leves e sutis, os quais são ígneos, isto é, semelhantes aos que constituem o fogo.
Também os deuses são feitos de átomos. A sua superioridade é devida a uma constituição atômica mais perfeita e a uma duração mais longa. Mas nem os deuses são imortais. Isto porque tudo –deuses, homens, coisas- está sob a fatalidade do movimento que associa ou dissocia os átomos.
O conhecimento é descrito por Demócrito como uma captação, por parte dos órgãos sensitivos, dos átomos irradiados pelos corpos. A diversidade da sensação depende das formas diferentes dos átomos. O doce, por exemplo, é causado “por átomos redondos e de tamanho razoável”, o azedo “por átomos agudos e angulosos”, etc.
Com esta doutrina aparece pela primeira vez na cena da história da filosofia uma teoria de capital importância, a qual ensina que qualidades como odor, sabor, cor, etc,. não são objetivas, mas subjetivas. Assim, por exemplo, a cera, em si mesma, não é nem doce nem amarga, nem branca nem amarela; essas qualidades são decorrentes do encontro dos átomos da cera, em suas características quantitativas, com o sentido do gosto e da vista do homem. Isto explica, segundo Demócrito, por que a mesma coisa seja doce para uns e amarga para outros, branca para estes e amarela para aqueles: depende dos órgãos dos sentidos de cada um.
Demócrito foi o primeiro a dar atenção à origem da linguagem. Eis sua explicação: “No começo os homens emitiam sons não articulados e destituídos de significado; mais tarde, aos poucos, começaram a articular palavras e estabeleceram entre eles expressões convencionais para designarem os objetos e assim criaram a linguagem”.
Quanto à moral, Demócrito não coloca a felicidade no prazer dos sentidos, mas na harmonia da razão e na paz da alma (tanquilitas animi). Se se ouvirem com entendimento estas minhas sentenças, muitas ações dignas de um homem excelente serão praticadas e muitas más ações serão evitadas (é o fragmento).

Alguns fragmentos de Demócrito:
-Escolher os bens da alma é escolher os bens divinos; contentar-se com os bens do corpo é contentar-se com os bens humanos.
-Prazeres intempestivos provocam desgosto.
-Desejar violentamente uma coisa, é tornar-se cego para as demais.
-Para todos os homens, o bem e o verdadeiro são o mesmo; o agradável é uma coisa para uns e outra para outros.
-Quem a ninguém ama, a meu ver, por ninguém é amado.
-Ser dominado por uma mulher é, para um homem, a mais extrema ofensa.
-Força e beleza são os bens da juventude; a prudência é a flor da velhice.
-O ancião já foi jovem, e o jovem não sabe se chegará a ser ancião. Um bem realizado é melhor que um bem futuro e duvidoso.
Prof. Esp. Eliseu Santos Lima

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quanto mais velho, mais sábio, ou, quanto mais sábio, mais velho?

A sabedoria é construída ao longo do tempo, alguns alcançam logo, outros no fim da vida e outros nem sabem o que é isso, muito menos desfrutam disso.

Eu diria que alguns espíritos nasceram desafortunados, outros foram feitos e outros se fizeram desafortunados.

Algumas pessoas nasceram num meio que não estimula a percepção do sentido da vida através da experiência cotidiana analisada introspectivamente. Vivem tão atarefados que, quando há tempo para o ócio, buscam preenchê-lo com alguma futilidade e logo aparece o vazio existencial que chega arrombando a razão e emerge o sentimento de inquietude, de insatisfação.

Buscam-se respostas em frases de livro de auto-ajuda, mas o conforto é momentâneo. Ainda há uma solução, a religião. A religião proporciona paz interior, desde que a pessoa exerça sua autonomia iluminada pela divindade, porém as pessoas alienam-se na religião e passam a fazer tudo o que a autoridade religiosa recomenda, e o exercício da autonomia esfumaça-se ao vento da bandeira de Deus.

Por que tanto sofrimento se a vida é tão simples?

Simples? Nada disso. Como posso deixar um segundo sequer vago do meu tempo ao ócio? O silencio é sufocante.

Por que introspecção se eu posso usar meu MP... para estar em harmonia? Pena que a música nem sempre é instrutiva!

Algumas pessoas nunca exerceram sua autonomia, pois parece cômodo obedecer às ordens e regras impostas, seja por um superior, seja pela sociedade.

Não é necessário romper regras, nem conformar-se a todas elas. Devo ser autônomo ao deliberar. Deliberação indica o que devo e o que não devo seguir, bem como agir na hora certa.

Algumas pessoas vivem num meio tão inóspito para deliberar que nem se ousa questionar os valores e conhecimentos transmitidos, muito menos questionar-se. A confiança numa determinada pessoa ou instituição pode ser tão forte que a proximidade ao fanatismo é sensível a outros olhares.

O assunto é tão vasto e a reflexão profunda. Concluo com um aforismo de Baltasar Gracián, de sua obra “A Arte da Prudência”:

A arte de viver muito.

Viver bem. Duas coisas antecipam o fim da vida: ignorância e maldade. Alguns perdem a vida por não saber como salvá-la; outros, por não querer saber. Assim como a virtude é sua própria recompensa, o vício é seu próprio castigo. Aquele que vive uma vida de vícios encontra um fim duas vezes mais rápido. O que vive na virtude nunca morre. A integridade da mente se comunica com o corpo. Uma boa vida é plena tanto em intensidade quanto na extensão1.”

Não esqueça que a sabedoria não ocupa espaço, mas é construída ao longo do tempo e vivida por quem encontrou a paz interior na luz do Ser Essencial.


Professor Eliseu Santos Lima



1 Grifo nosso